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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O filho que toda mãe gostaria de ter

Quarta-Feira | 02/09/2015
Brasileiro Descobre Cura do Câncer e é Preso

‘Consciência em paz’, afirma homem preso por doar cápsula contra câncer
Catarinense começou a produzir a substância em 2008, após caso da mãe. Carlos Kennedy Witthoeft passou 17 dias preso e responde por falsificação.
Carlos Kennedy Witthoeft afirma que está “com a consciência em paz”. Durante uma visita a São Carlos (SP), ele contou como conheceu a fosfoetanolamina sintética, apontada por pesquisadores como um tratamento alternativo para o câncer, por que quis doá-la e o que aconteceu após ser preso e indiciado por falsificação de medicamento. “Não tem como mensurar o que a gente sentia a cada pessoa que vinha falar que estava curada”, disse.

O catarinense relatou que conheceu a fosfoetanolamina em 2007. No dia 19 de março daquele ano, sua mãe teve uma hemorragia e exames apontaram câncer no útero. “Ela tinha o coração fraco, não daria para fazer cirurgia e nem quimioterapia, só radioterapia para dar mais qualidade de vida, mas não a cura”, relatou.

Dois meses após o diagnóstico, quando amigos e familiares julgavam que a idosa de 82 anos não aguentaria por muito mais tempo, ele soube que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos distribuíam uma substância para a doença. Pediu o telefone do coordenador dos estudos, o professor Gilberto Orivaldo Chierice, e ganhou as cápsulas.

“Minha mãe não levantava mais da cama, dava duas, três mordiscadas no pão e isso era a refeição do dia inteiro. Pedi para ela tomar o remédio e, no terceiro dia, ela andou, desceu as escadas, foi à cozinha e disse: ‘Eu queria comer uma sopa’”, narrou Kennedy.
Ele afirmou que a melhora foi progressiva e, no 18º dia de consumo dafosfoetanolamina, foi surpreendido. “Eu havia saído para ir ao banco e, chegando em casa, uns 40, 50 minutos depois, a minha mãe estava no canto do jardim segurando a enxada. Eu disse: ‘Mãe, o que tu queres com a enxada?’. E ela disse: ‘Vou dar uma capinadinha’”.
Nesse dia, ele deu a mãe como curada e ligou para Gilberto perguntando se poderia indicar as cápsulas, mas ouviu que a produção era insuficiente para atender mais pacientes. “Minha mãe era conhecida em Pomerode, pessoas viam a recuperação e perguntavam o que ela tinha feito, se eu conseguia para elas. Eu queria que amigos pudessem tomar, como podia dizer que não tinha como fornecer? Eu perguntei então se eu podia produzir”, contou.
“O doutor Gilberto me perguntou se eu era químico e eu contei que não, então ele disse que eu não poderia fazer, mas continuei insistindo porque, se eu estivesse com câncer, queria que me dessem a fosfo. Disse: ‘O que eu tenho é muita vontade de ajudar essas pessoas, não adianta ser químico e não ter vontade de ajudar’. Acho que esse argumento o sensibilizou e ele perguntou quando eu poderia vir aprender”.

Kennedy viajou várias vezes para São Carlos e a cada visita passava alguns dias na cidade. Ao todo, acredita que ficou cerca de quatro meses aprendendo a ser um químico prático e a sintetizar a substância. Quando finalmente conseguiu, começou a produzir as cápsulas em casa e a distribuí-las de graça.
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Carlos Kennedy Witthoeft passou 17 dias preso por produzir as cápsulas (Foto: Paulo Chiari/EPTV)
Prisão
Kennedy produzia as cápsulas na companhia da esposa, Aridina Gutknecht Witthoeft, mais conhecida como Rita. Era ela que atendia as ligações e conversava com as pessoas que pediam ajuda. “Quando o câncer aparece, cai todo mundo, a família quer ajudar, o pai, o filho… Muitos ainda recebem como sentença de morte. Ela atendia as pessoas e as confortava, ficava uma hora, duas horas conversando. É preciso paciência, não é fácil, mas ela tinha o dom para isso”.


No começo, em 2008, ele conciliava a produção com o trabalho como representante comercial, mas a demanda cresceu. Sensibilizadas, várias pessoas começaram a ajudar e a dedicação passou a ser exclusiva. “Cada curado trazia em média três, quatro pessoas”, estimou.

Mas, no fim de junho deste ano, a produção cessou. Uma denúncia  levou a polícia ao imóvel e a Vigilância Sanitária apreendeu o material. Kennedy passou 17 dias preso e foi indiciado por falsificação de medicamento, uma vez que a fosfoetanolamina sintética não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No dia em que saiu da cadeia com um habeas corpus, Aridina passou mal. Ela foi internada e, após dias na unidade de terapia intensiva (UTI), faleceu em 1º de agosto, em decorrência de um aneurisma. “Até dois meses atrás eu morreria feliz. Não tem como mensurar o que a gente sentia a cada pessoa que vinha falar que estava curada”, afirmou.
Entenda o caso
Na última segunda-feira (17), o G1 divulgou a existência de processos envolvendo pacientes com câncer e a USP. Eles pedem que a universidade continue fornecendo as cápsulas da substância, mas uma nova norma da instituição impede a distribuição sem o registro na Anvisa.


Segundo a agência, o registro de um novo medicamento só pode ser solicitado após testes clínicos e os pesquisadores da USP afirmam que a substância foi testada em um hospital em Jaú, mas a parceria acabou e eles precisam que uma nova unidade de saúde aceite concluir o estudo.
G1
Mais... https://www.youtube.com/watch?v=tf9RtWYLGXM

quarta-feira, 17 de junho de 2015

o pior, Coca-Cola é como cigarro: VICIA!

A Coca-Cola no Brasil possui nove vezes mais substância cancerígena--

Bebida vendida no Brasil é a que possui maior concentração de substância possivelmente cancerígena. São nove vezes o limite estabelecido na Califórnia



Idec (via Outras Palavras)

Brasil é o país que possui maior concentração de substância possivelmente cancerígena na Coca-Cola, nove vezes o limite estabelecido pelo governo da Califórnia (EUA)

A Coca-Cola comercializada no Brasil contém a maior concentração da substância 4-MI (4-metil-imidazol), presente no corante Caramelo IV, classificado como possivelmente cancerígeno. O resultado é de um teste do CSPI (Centro de Ciência no Interesse Público, em tradução livre), da capital norte-americana, Washington D.C. Eles avaliaram também a quantidade da substância nas latas de Coca-Cola vendidas no Canadá, Emirados Árabe, México, Reino Unido e nos Estados Unidos.

Um estudo feito pelo Programa Nacional de Toxicologia do Governo dos Estados Unidos já havia apontado efeitos carcinogênicos do 4-MI em ratos, e fez com que a Iarc (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer), da OMS (Organização Mundial da Saúde), incluísse o 4-MI na lista de substâncias possivelmente cancerígenas.

Concentrações
O Idec fez um pesquisa sobre os refrigerantes e energéticos que possuem o corante Caramelo IV em sua fórmula. O levantamento verificou que a regulação brasileira sobre o tema é falha e que os fabricantes de refrigerantes e bebidas energéticas não estão dispostos a informar ao consumidor a quantidade da substância tóxica em seus produtos.

Diante dos estudos que apontam para o perigo desse aditivo, o Instituto questionou se as empresas parariam de utilizá-lo. Na ocasião, o Idec enviou cartas à diversas empresas e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) questionando-os sobre a periculosidade do Caramelo IV e sua associação com o câncer.  

De acordo com o CSPI, o refrigerante vendido no Brasil contém 263 mcg (microgramas) de 4-MI em 350 ml, cerca de 267mcg/355ml. Essa é uma concentração muito grande quando comparada com a segunda maior, vendida no Quênia, com 170 cmg/355ml. Confira os demais resultados na tabela abaixo:

A Coca-Cola do Brasil traz nove vezes o limite diário de 4-MI estabelecido pelo governo da Califórnia, que estipulou a necessidade de uma advertência nos alimentos que contiverem mais que 29 mcg da substância. Além dessa quantidade diária, o risco de câncer seria maior do que um caso em 100 mil pessoas. 

Os limites atuais para a quantidade de Caramelo IV nos alimentos, estabelecidos pelo Jecfa (um comitê de especialistas em aditivos alimentares da FAO/OMS), são baseados em estudos da década de 1980. Além disso, aqueles estudos foram gerados pela International Technical Caramel Association. Com os estudos que agora vem à tona, espera-se que os limites e a legislação atuais, tanto internacional como nacional, sejam alterados.

fonte:  http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FEconomia%2FA-Coca-Cola-no-Brasil-possui-nove-vezes-mais-substancia-cancerigena%2F7%2F33749


quinta-feira, 21 de maio de 2015

revista CartaCapital revela quem foram os deputados que votaram favoráveis à TERCEIRIZAÇÃO!

Política

Congresso

Terceirização: veja como votou cada deputado

por Redação — publicado 08/04/2015 22h28, última modificação 09/04/2015 18h10 
Câmara aprovou projeto que permite a terceirização de todos os setores de uma empresa, sem distinção entre atividade-meio ou atividade-fim 

 Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, durante a 
votação da terceirização: ele impôs outra derrota ao governo
foto: Wilson Dias / Agência Brasil






A Câmara dos Deputados aprovou na noite da quarta-feira 8, por 324 votos a favor, 137 contra e duas abstenções, o texto principal do projeto de lei que trata da regulamentação do trabalho terceirizado no Brasil. Os destaques e sugestões de alterações serão discutidos na próxima semana.

Apenas três partidos – PT, PCdoB e PSOL – orientaram seus parlamentares a votar contra o projeto. O Pros e o bloco formado por PRB, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB, PTC, PSL e PTdoB liberaram as bancadas. 

PSDB, PSD, PR, PSB, DEM, PDT, Solidariedade, PPS, PV e o bloco composto por PMDB, PP, PTB, PSC, PHS e PEN determinaram voto a favor da terceirização.

Veja como votou cada deputado, conforme lista disponível no site da Câmara dos Deputados:  http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/chamadaExterna.html?link=http://www.camara.gov.br/internet/votacao/mostraVotacao.asp?ideVotacao=6204&tipo=partido

A lista completa dos deputados votantes, por partdo, está na íntegra no site da CartaCapital: http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/terceirizacao-veja-como-votou-cada-deputado-158.html

Agora veja como votaram os deputados eleitos pela Região Metropolitana da Baixada Santista - RMBS:

Marcelo Squassoni            (PRB)     SP     Sim
Beto Mansur                     (PRB)     SP     Sim
Samuel Moreira                 (PSDB)  SP     Sim
João Paulo Tavares Papa  (PSDB)   SP     Sim













































quinta-feira, 23 de abril de 2015

25 FEB 2015 - 18:51 BRT

crise hidrica

Sabesp descumpre norma que garantiria abastecimento de água

Homem coloca mosquiteira em uma caixa d'água em São Paulo. / N.Doce (REUTERS)

O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, reconheceu na manhã desta terça-feira que a companhia estatal está descumprindo normas técnicas ao diminuir a pressão necessária para o fornecimento de água. Segundo Massato, a Sabesp está longe de obedecer a norma brasileira que cobra a manutenção de uma pressão suficiente para atingir uma caixa de água a dez metros de altura, o que tecnicamente é chamado de dez metros da coluna de água, a unidade que mede a pressão na distribuição. Segundo o dirigente da Sabesp, essa pressão atinge apenas um metro. "Não tem pressão suficiente para chegar na caixa-d'água. Estamos abaixo dos 10 metros de coluna de água, principalmente nas zonas mais altas e mais distantes dos reservatórios," reconheceu Massato. Na prática, a redução excessiva da pressão teria os mesmos efeitos que um rodízio, pois deixa bairros sem água por vários dias.


A prática contraria as recomendações que regulam a distribuição de água para abastecimento público da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Massato, que depôs na CPI da Câmara Municipal que investiga os contratos da companhia com a Prefeitura, justificou o descumprimento pela gravidade da crise: "Estamos em uma situação de anormalidade. Nós não conseguiríamos abastecer seis milhões de habitantes [atendidos pelo sistema Cantareira], se mantivéssemos a normalidade". A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) informou que vai pedir esclarecimentos à companhia.


Não é a primeira vez que a Sabesp é questionada sobre a força da água mantida no sistema. Após quase 400 reclamações por falta de abastecimento e pressão insuficiente, a própria Arsesp investigou entre junho e setembro de 2014 os Centros de Controle Operacionais da Sabesp e detectou que a pressão de água na tubulação atingia dois metros a menos que o recomendado, conforme revelou o jornal Estado de S. Paulo.


Na época, o governador Geraldo Alckim defendeu a gestão da companhia e negou o que foi afirmado nesta quarta-feira por Massato. “Ela [a Sabesp] cumpre a norma da ABNT, que é de uma coluna de 10 metros de água”, disse Alckmin em dezembro, quando também afirmou que os problemas por falta de abastecimento eram “pontuais”.

Não é a primeira vez tampouco que as declarações de Massato contrariam a versão oficial. Foi o dirigente da Sabesp quem introduziu no vocabulário da crise hídrica o conceito de “rodízio drástico” ao anunciar a possibilidade dos paulistanos ficarem cinco dias sem água por semana. "Para fazer rodízio, teria que ser muito pesado, muito drástico. Para ganhar mais do que já economizamos hoje, seriam necessários dois dias com água e cinco dias sem água", afirmou Massato no final de janeiro. Três dias depois, Alckmin negava essa previsão.

Massato foi também protagonista de um áudio de uma reunião da diretoria da Sabesp vazado em outubro. “Essa é uma agonia, uma preocupação. Alguém brincou aqui, mas é uma brincadeira séria. Vamos dar férias [inaudível]. Saiam de São Paulo, porque aqui não tem água, não vai ter água pra banho, pra limpeza da casa, quem puder compra garrafa, água mineral. Quem não puder, vai tomar banho na casa da mãe lá em Santos, Ubatuba, Águas de São Pedro, sei lá, aqui não vai ter”, disse o dirigente. A divulgação jogou um balde de água fria no Governo quando ainda tentava negar a gravidade da crise.

Uma prática sem transparência

A redução de pressão vem se confirmando desde meados do ano passado, mas foi só em janeiro deste ano que a companhia reconheceu e divulgou no seu site os horários da restrição, de até 15 horas, em todos os bairros da capital. Uma pressão menor ajuda a diminuir o consumo e as perdas por vazamentos da rede e deixa as torneiras secas, especialmente nas áreas mais altas da cidade. 

Diversas informações, porém, apontam que a Sabesp não só está reduzindo a pressão, mas também está fechando os registros. Segundo Marzeni Pereira, tecnólogo em saneamento da Sabesp, o Governo mente ao falar em redução de pressão, porque não há esse mecanismo disponível em toda a rede. O que se faz, disse Marzeni ao EL PAÍS em 7 de fevereiro, é fechar os registros. Não é toda a tubulação da capital de São Paulo que está controlada por válvulas redutoras de pressão (VRP). O Estadão, baseado e uma fonte de alto escalão da companhia, e o portal IG, após acompanhar a manobra com vários técnicos da Sabesp, também noticiaram esses fechamentos de registros em 40% da rede. A companhia nega, assim como negou na época a redução de pressão.

Grandes consumidores

Massato também se referiu aos grandes consumidores de São Paulo, beneficiados pelos chamados contratos de demanda firme que oferecem grandes descontos quanto mais água for consumida. Na lista de parte dos clientes revelada pelo EL PAÍS há shoppings, condomínios de luxo, clubes esportivos e indústrias cujo consumo de mais de 500.000 litros por mês é premiado com descontos de até 75%. Entre eles está, por exemplo, o caso do Hotel Hilton, que mantém aberto um spa e um centro fitness 24 horas por dia, além de uma piscina com vista panorâmica, e consome por mês o mesmo que 751 famílias com quatro membros (11.722 m3/mês). O hotel paga 6,76 reais por cada metro cúbico, quando a tarifa comercial é de 13,97. Neste caso, o valor é menor, inclusive, do que o pago por uma família de quatro pessoas que paga a tarifa comum (7 reais/m3).

Segundo o diretor da Sabesp, esses consumidores ajudaram na redução da demanda. "Tivemos parceria muito forte com os grandes consumidores, que perfuraram poços e atuaram fortemente na redução da demanda. Os grandes consumidores foram os grandes contribuintes para a redução da captação de água do Cantareira", afirmou.

fonte:   http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/25/politica/1424901062_828937.html


segunda-feira, 6 de abril de 2015

CHEGOU A HORA DO PSDB


Ministério Público de SP vai investigar mega obras do governo Alckmin

02/04/2015

Crédito: Edson Lopes Jr;/A2 Fotos Públicas Ministério Público 
de SP vai investigar 
mega obras do
governo Alckmin
Obras de Alckmin sob investigação: Promotoria paulista quer analisar 100 obras, boa parte delas contratadas na gestão tucana

O Ministério Público de São Paulo se prepara para fazer um pente fino em mais de cem obras onde há a suspeita de pagamento de propinas por parte de empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato, segundo o jornal espanhol El País. Nos próximos dias deve chegar à capital paulista uma série de documentos que citam supostas irregularidades cometidas por ao menos dez empresas responsáveis por megaempreendimentos, a maioria feita pelo governo estadual (Geraldo Alckmin, PSDB) e pela Prefeitura durante a gestão de Gilberto Kassab, do PSD (2006-2013).

Alguns dos alvos dos investigadores são a urbanização da favela Real Parque, a construção do monotrilho da Vila Prudente, a obra do trecho sul do rodoanel, a implantação de um sistema de esgoto no Guarujá (litoral paulista) e a retirada dos dutos da Petrobras do local onde foi construído o Itaquerão (o estádio do Corinthians). A suspeita é que autoridades públicas receberam propinas para facilitar a contratação das empreiteiras que atuaram nesses empreendimentos.

As informações aguardadas pelos promotores paulistas serão enviadas pelo Ministério Público Federal do Paraná, onde está sendo investigado o bilionário esquema de desvio de recursos implantado na Petrobras. Parte desses dados foi obtida nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa. Outra parte estava nas planilhas armazenadas no computador de Youssef, nas quais eram detalhadas as propinas e os valores de cada obra e quem teria recebido os recursos. Do que foi investigado até agora é possível concluir que as ações de parte da quadrilha que desviou bilhões de reais da Petrobras se estenderam para diversos governos, independentemente de partido político. Todos os dados ainda precisam ser confirmados para só depois haver uma acusação formal.

Como essas obras estariam sob a responsabilidade das gestões municipal ou estadual, ou ainda autarquias públicas, os crimes precisam ser investigados pelo Ministério Público Estadual, e não pelo Federal. O problema é a demora no compartilhamento dos dados. O pedido foi feito pelos promotores paulistas em janeiro. A autorização foi dada pelo juiz responsável pela Lava Jato, Sergio Moro, apenas em meados abril, mas até a última sexta-feira, dia 27 de março, não haviam sido enviados aos investigadores de São Paulo.

Ao menos duas das cinco principais obras citadas já foram investigadas pelas promotorias da área de Patrimônio Público. Um procedimento foi aberto para investigar a prefeitura na gestão Gilberto Kassab (PSD) na urbanização da Real Parque, mas foi arquivado. Esse caso deverá ser reaberto, segundo um dos quatro promotores ouvidos pela reportagem, mesmo depois de o doleiro Alberto Youssef dizer no processo da Lava Jato que não pagou propina nem tem qualquer relação com o ex-prefeito. A outra obra investigada foi a retirada dos dutos da Petrobras de Itaquera. A conclusão foi que não houve ilegalidade ou uso ilegal de dinheiro público no processo. De acordo com os promotores, o Corinthians teria pago cerca de 200.000 reais para a empreiteira que tocou o projeto. Esse caso, possivelmente, continuará arquivado, dizem os membros do Ministério Público.

Em mais de 20 depoimentos Youssef denunciou que as obras em que atuava como intermediador eram superfaturadas. O sobrepreço era de até 3% e os recursos extras eram divididos entre os operadores do esquema, os diretores das empresas estatais envolvidos na fraude e os partidos políticos responsáveis pela indicação de cada um. No caso da Petrobras, já foram encontrados indícios contra políticos de seis partidos: PT, PMDB, PP, SD, PSB e PTB. Mais de 40 políticos, entre deputados, senadores, ex-ministros e ex-governadores estão sendo investigados.

Além de São Paulo, os tentáculos da quadrilha investigada pela Lava Jato se estenderam para 750 obras de outras 19 unidades da federação, de acordo com Youssef. Conforme as investigações, o grupo do doleiro agiu em Goiás, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Piauí, Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Distrito Federal.

Outro lado

Apenas um dos quatro alvos da investigação em São Paulo se manifestou. Em nota enviada à reportagem a autarquia estadual Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), responsável pelo trecho sul do Rodoanel, informou que não foi notificada oficialmente sobre a investigação. Disse ainda que está à disposição para prestar qualquer esclarecimento ao Ministério Público do Estado e que as contratações da empresa que atuaram no empreendimento seguiram a lei das licitações.

Envolta na maior crise hídrica dos último anosor, a Sabesp, que toca a obra no Guarujá, informou que não se manifestaria sobre as investigações. O órgão não justificou por qual razão não iria se responder aos questionamentos da reportagem. O Metrô, que é responsável pelo monotrilho, não se pronunciou até a conclusão desta reportagem.

Em nota, Gilberto Kassab alegou que a contratação de uma empresa de Youssef por um dos integrantes do consórcio Sehab diz respeito somente às duas empresas e não tem ligação alguma com a gestão do ex-prefeito e ministro das Cidades. Kassab afirmou que o consórcio que tocou a obra na favela Real Parque foi contratado por meio de “licitação pública, transparente e legal, tanto o é que o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou o procedimento regular após verificação rotineira por envolver também aporte de recursos federais”. O ministro disse ainda que está à disposição do Ministério Público para prestar eventuais esclarecimentos.

Do jornal El Pais, publicado em 1ª de abril de 2015

quinta-feira, 12 de março de 2015

O QUE PENSA O LÍDER DO MOVIMENTO SEM TERRA (MST)

Stédile: Economia que sustentou Lula e Dilma bateu no teto



publicado em 17 de abril de 2014 às 22:03

Stédile: “o neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite”
Segundo a liderança mais expressiva do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, programa do governo de conciliação de classes “bateu no teto”.

Por Léa Maria Aarão Reis, do Rio de Janeiro, na Carta Maior

“A reforma agrária fixa o homem no campo e desfaveliza o país.” É a ideia central, hoje, do discurso que, com perseverança, põe em prática há 35 anos, o fundador e uma das lideranças mais expressivas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o economista gaúcho João Pedro Stédile, de 61 anos.

Carismático, um dos pensadores de raiz marxista e dos ativistas de esquerda mais importantes do país, Stédile não hesita em dizer: “Perdeu-se a oportunidade histórica de fazer a chamada reforma agrária clássica no Brasil.”

Para ele, o importante agora é a luta resultante da aliança entre os trabalhadores do campo e os da cidade – os que farão a reforma agrária popular.

E acrescenta: “A cidade grande é o inferno em vida para o camponês, pois sobra para ele a favela e a superexploração.”

Gaúcho nascido na cidade de Lagoa Vermelha, região de agropecuária do nordeste do Rio Grande do Sul, nesta entrevista exclusiva a Carta Maior João Pedro relembra três datas seminais do MST, 17 de abril: o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária, o Dia Mundial da  Luta Campesina e os 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, quando 1500 trabalhadores rurais foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do estado e 19 trabalhadores foram por ela assassinados.

Privatizações de terras, de acesso aos minérios – do subsolo do país –, de águas, fontes naturais, lençóis freáticos, e até do ar da Amazônia estão na pauta da nossa conversa assim como o tema do agronegócio: “A mídia é a arma para protegê-lo e aos seus lucros,” lembra o líder do MST.

Carta Maior: Quais as mudanças nas ações do MST a partir deste ano?
Stédile: A reflexão coletiva no MST e na Via Campesina Brasil é a de que, no passado, estava posto um programa de reforma agrária que visava resolver o problema de terra de trabalho, e ao mesmo tempo desenvolver as forças produtivas, o mercado interno para a indústria nacional e assim participava do processo de desenvolvimento nacional.
Esse tipo de reforma agrária ficou conhecido como reforma agrária clássica. Ele se realizava quando havia condições de uma aliança tácita entre os camponeses que precisavam de terra e a burguesia industrial, que precisava de mercado interno.

No Brasil, chegamos mais próximo dessa possibilidade na crise da década de 60 quando o governo Goulart apresentou um projeto de reforma agrária clássica, que era também revolucionário para a época.

Ele apresentou o projeto dia 13 de março e caiu dia 1 de abril. Mais tarde, esse programa poderia ainda ter sido implementado na redemocratização do país, no governo Tancredo, quando José Gomes da Silva, nosso maior especialista em reforma agrária clássica foi presidente do Incra.

Ele preparou um plano que previa assentar 1,4 milhões de famílias em quatro anos. Apresentou ao Sarney dia 4 de outubro e caiu dia 13 de outubro de 85. Quando Lula chegou ao governo também imaginávamos que esse programa poderia ser retomado. Mas aí o contexto econômico e político já era outro. E a reforma agrária clássica ficou nas calendas.

CM: A reforma agrária clássica, então, não tem mais sentido aqui no Brasil? E o que é projetado no lugar dela para que se cumpra, enfim, a justiça social e econômica no campo?
Como eu disse: a reforma agrária clássica visava resolver a questão do trabalho no campo e o desenvolvimento industrial com mercado interno. Nos tempos atuais, o que hegemoniza o capitalismo é o capital financeiro e as empresas transnacionais que controlam o mercado mundial de alimentos.

Para essa classe dominante não interessa mais reforma agrária, de nenhum tipo, pois eles não precisam de mercado interno, nem de camponeses, nem de indústria nacional. E por isso estão implementando um novo modelo de controle da produção agrícola pelo capital, que é o agronegócio.

O agronegócio representa os interesses apenas dos grandes proprietários de terra, do capital financeiro e das empresas transnacionais. Um modelo baseado na monocultura, em que cada fazenda se especializa num só produto como soja, cana, pastagens ou eucalipto. (No Brasil de agora, 80% de todas as terras se dedicam apenas a esses cinco cultivos.)

Em lugar de usar mão-de-obra eles fazem uso intensivo de máquinas agrícolas e de venenos, ambos controlados pelas empresas transnacionais. Destroem o meio ambiente, pois o único objetivo é o lucro máximo. E estão completamente dependentes do capital financeiro, que adianta o crédito para que comprem os insumos das empresas transnacionais — e assim se fecha o ciclo.

Meia dúzia de empresas fica com o lucro, e o povo fica desempregado e com passivo ambiental, que já está afetando o clima até nas cidades. Por isso, não interessa mais reforma agrária clássica para a classe dominante atual. E ela está inviabilizada para os camponeses.

Então, nós temos levantado a tese da necessidade de lutar por um novo tipo de reforma agrária que chamamos de reforma agrária popular.

CM: O que você chama de “reforma agrária popular”?


Diante dessa nova realidade agrária, com o domínio do capital internacional e financeiro, fizemos um intenso debate dentro do MST que envolveu toda nossa militância, nossa base, intelectuais e professores, amigos, durante dois anos. E terminamos com a realização do evento do VI Congresso Nacional há menos de dois meses, em fevereiro deste ano onde aprovamos essa formulação da necessidade de uma reforma agrária popular.

Reforma agrária popular porque agora ela precisa atender não só as necessidades dos camponeses sem terra, que precisam trabalhar. Mas as necessidades de todo o povo. E o povo precisa de alimentos, alimentos sadios, sem venenos, precisa de emprego, precisa de desenvolvimento da agroindústria, precisa de educação e cultura.

Então, o nosso programa de reforma agrária de novo tipo, parte da necessidade de democratização da propriedade da terra, fixando limites, e propõe a reorganização da produção agrícola, priorizando a produção de alimentos sem venenos.

Para isso precisamos adotar e universalizar uma nova matriz tecnológica que é a agroecologia. E foi isso que pedimos ao Silvio Tendler para mostrar em seu novo documentário, O veneno está na mesa 2.
 
Como é possível e necessária a matriz da agroecologia para produz alimentos sadios que beneficiam toda a população e evitam as enfermidades, sobretudo o câncer, provocado pelos alimentos contaminados por agrotóxicos.

O Instituto Nacional do Câncer advertiu que, neste ano de 2014 teremos 526 mil novos casos de câncer entre os brasileiros. A maior parte deles de mama e de próstata. Precisamos uma reforma agrária que valorize a vida no interior, gerando emprego para jovens. E para isso propomos a implantação de milhares de pequenas agroindústrias na forma de cooperativas que vão dar emprego a milhões de jovens que precisam estudar.
Propomos a democratização da educação para que todos tenham os  mesmos direitos e oportunidades sem sair do meio rural.

CM: Você tem denunciado que nesse modelo do agronegócio privatiza-se até o ar. Como é isso?
De fato, entre as características desse novo modelo do capital, é que este, agora mais poderoso, pois é dominado pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais, quando chega à agricultura, eprocura se apropriar de todos os recursos naturais para tirar lucro máximo.

Em períodos de crise capitalista no hemisfério norte, como o que estamos vivendo, essa necessidade deles aumenta, pois a apropriação privada dos recursos naturais, seja terra, minérios, água, energia elétrica, é fonte inesgotável de uma renda extraordinária, mais além da exploração do trabalho. Pois os recursos estão na natureza, e eles, ao se apropriarem desses recursos, colocam no mercado a preços bem acima do seu valor, medido pelo custo de produção.

Para isso, desde a implantação da hegemonia do neoliberalismo, foram impondo condicionamentos jurídicos, em todos os países do mundo, sob orientação dos Estados Unidos e dos organismos internacionais a seu serviço, como FMI, OMC, Banco Mundial, para garantir a propriedade privada de bens da natureza. Então, pela lei de patentes (aprovada em 1995), eles agora podem ser donos das sementes. Para isso fazem mudanças genéticas e dizem que é um novo ser vivo, transgênico, produzido em laboratório.

Privatizaram as águas. Seja nos lençóis freáticos, seja nas fontes naturais. Privatizaram o acesso aos minérios.

CM: As riquezas do subsolo do país, propriedade da população e que deveriam estar a serviço do povo não escaparam desse processo de espoliação.
O Brasil concedeu, nos últimos anos, sob a gestão da velha Arena, que até hoje não largou a teta do Ministério de Minas e Energia, mais de oito mil licenças de mineração no nosso subsolo para empresas privadas que deveriam estar a serviço de todo povo. E agora, como você disse, estão tentando privatizar o oxigênio produzido pelas florestas nativas.

Medem pelo GPS a quantidade de oxigênio produzido pelas florestas, emitem um documento que estabelece certo valor e isso se converte em dólares como crédito de carbono que é vendido na Europa para as empresas poluidoras se justificar e assim continuarem poluindo. Aqui, no Brasil, até a empresa Natura está praticando isso.

CM: Como agem as transnacionais dessa área no Brasil, hoje?
Para se ter uma ideia, por outro lado, em termos de valores,  da crise mundial de 2008 para cá entraram no Brasil mais de 200 bilhões de dólares que foram aplicados em recursos naturais. Somente no setor sucroalcoleiro, que era propriedade da tradicional burguesia nacional, agora apenas três empresas transnacionais (Cargill, ADM e Bungue) controlam mais de 50% de todo setor.

CM: Muito importante você enfatizar estes temas: mudança de parâmetros da agricultura no país e uma agricultura voltada para a produção de alimentos. Quais os novos parâmetros?



Nossa análise coletiva considera que a organização da produção de alimentos e dos produtos agrícolas tem que estar submetida a outros parâmetros. Os capitalistas, com seu modelo do agronegócio, fundam sua ação baseados apenas no paradigma da produção de mercadorias para o mercado mundial, na busca incessante do lucro máximo, do aumento da produtividade do trabalho e da produtividade física de cada palmo de terra.

Nós queremos reorganizá-la baseada em outros parâmetros. Baseados na história da civilização que sempre viu os alimentos como um bem – e não como mercadoria. Visão de que todos os seres humanos têm direito a se alimentar.

Na produção agrícola em equilibro com a natureza, e não contra ela. E, sobretudo, organizando a produção para dê trabalho para as pessoas, para que  elas tenham renda e possam viver em boas condições e felizes, no interior, sem cair na ilusão de que somente serão felizes se vierem para a cidade grande. Cidade grande é o inferno em vida para o camponês. Pois sobra para ele apenas a favela e a superexploração.

CM: Mas e a bancada ruralista, com trânsito livre nos palácios de Brasília… e o agronegócio – não aceitam esses parâmetros…


Claro, eles são os porta-vozes da classe dominante. Os capitalistas, para manterem seus altos lucros no campo espoliam a natureza e expulsam o povo do interior e se protegem num estado burguês, que é o estado brasileiro. Protegem-se fazendo leis apenas para seus interesses, como fizeram nas mudanças do código florestal etc.

Protegem-se com o seu poder judiciário que é o poder ainda monárquico, que inviabiliza as desapropriações para reforma agrária, que impede a legalização das terras indígenas e de quilombolas, que impede inclusive as desapropriações das fazendas com trabalho escravo, como determina a Constituição — mas que eles não cumprem.

E tudo isso é respaldado pela mídia televisiva, sobretudo a Globo, a Bandeirantes, SBT, que manipulam todos os dias o nosso povo para lhes dizer que o agronegócio é a única solução. Que o agronegócio é que sustenta o Brasil, quando é justamente o contrário. A mídia é a arma ideológica para proteger o agronegócio e seus lucros.

CM: Como se dará a mudança do foco das ações, deslocado para o urbano? Como é esta aliança do MST com as cidades?
O nosso programa de reforma agrária popular implica agora em envolver todo o povo, pois ela não interessa apenas aos sem-terra. E, portanto, temos que explicar ao povo, à classe trabalhadora que a reforma agrária é necessária para ele se alimentar melhor, de forma sadia, sem venenos.

Que o programa de agroindústrias vai dar emprego, que universalizar a educação no interior vai gerar milhões de empregos para educadores etc.
 
Esta aliança vai se fazendo através da construção de uma consciência coletiva de todas as classes trabalhadoras.

Por um plano de lutas conjunto que envolva a todos na luta por mudanças sociais. E, sobretudo, num programa político de mudanças para o país que unifica todos os setores da classe trabalhadora da cidade e do campo.

Tudo isso leva tempo, exige energias, mas é o caminho para construirmos verdadeiras mudanças na cidade e na agricultura. Para isso teremos que travar muitas batalhas, passar por muitos “pedágios” que a classe dominante vai nos impor.

CM: E as cidades? A cidade virou um grande negócio que alija os mais pobres cada vez mais para os seus confins. Mas como mudar isto? 
 
Os territórios urbanos, as cidades e suas periferias também estão sendo vitimas desse modelo do grande capital que igualmente quer a renda extraordinária nas cidades, conquistada através da especulação sobre os preços dos prédios, dos terrenos, dos espaços urbanos.

A diferença entre o valor real de uma casa, de uma praça, de um prédio, e o preço de mercado, que eles impõem, é que representa a renda da qual eles se apropriam e que toda sociedade acaba pagando.

Pior, os trabalhadores acabam sendo expulsos para as periferias de uma maneira permanente, e ali os transportes públicos não chegam. Ou foram privatizados. Ou são caríssimos.

Por isso, a bandeira de luta de tarifa zero para os transportes públicos em todas as grandes cidades é mais do que justo e é necessária.
 
A par de tudo isso, como tem defendido nossa querida professora Ermínia Maricato, somente uma grande reforma urbana que devolva ao povo o direito de usar a sua cidade. As cidades foram usurpadas do povo, e agora pertencem apenas aos especuladores, aos bancos e à indústria automobilística.

CM: O mais recente governo do PT foi decepcionante?
Os governos Lula e Dilma não foram governos do PT, nem da classe trabalhadora. Foram governos de composição de classe, que gerou um programa de governo do neodesenvolvimentismo, que se propunha a fazer a economia crescer, distribuir renda e retomar o papel do estado suplantando o mercado (dos tempos do neoliberalismo).

Nesse sentido eles cumpriram o programa, e nesse programa todas as classes ganharam um pouco, sendo que, como diz o próprio Lula, os banqueiros foram os que mais ganharam.
 
Mas esse programa e essa composição de classes, na opinião dos movimentos sociais, bateram no teto.

E agora já não conseguem mais resolver os problemas fundamentais do povo que ainda padece com falta de moradia digna, emprego qualificado, acesso à universidade, e transporte público civilizado.

As manifestações do ano passado foram o sinal de que o modelo do neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite.
 
E como disse antes, espero que os setores organizados da classe trabalhadora construam um programa unitário de mudanças, e retomem a iniciativa das mobilizações de massa.

Isso permitiria termos, no futuro, governos também populares, que possam fazer as mudanças estruturais de que precisamos. Por ora, os movimentos sociais de todo país construíram uma unidade em torno da necessidade de uma reforma política que devolva ao povo a soberania para escolher seus representantes.

Já que, no regime atual, as empresas sequestraram as eleições. Veja: segundo o TSE, em torno de 2262 empresas gastaram mais de 4,6 bilhões de reais, nas últimas duas eleições sendo que 80% desses recursos foram de apenas 117 empresas. Ou seja, o novo colégio eleitoral que decide quem deve ser eleito, são essas 117 empresas que usam o dinheiro para elegê-los.

Isso precisa mudar, para salvar uma democracia frágil e capenga. Então, a necessidade urgente de uma reforma política. Para tanto, será necessário convocar uma assembléia constituinte soberana (na forma de ser eleita) exclusiva para essas mudanças.

CM: Mas a força do MST está intacta — ou não? Vinte mil trabalhadores foram protestar defronte do Planalto, dois meses atrás. Acabaram sendo recebidos pela Presidenta Dilma.
O MST é uma pequena parcela do conjunto das forças populares do povo brasileiro. Nós temos procurado nos manter unidos, resistindo à avalanche do capital e mantendo nossos projetos de mudança.

Outros setores da classe, influenciados pela pequena burguesia ou pela mídia, foram derrotados em seus projetos. Levamos nossos 15 mil militantes ao VI Congresso, como um espaço de unidade e de celebração de nossa mística da mudança. Por isso, fomos recebidos pela Presidenta, e apresentamos nossas idéias, sem ilusões.

As mudanças não vêm de palácios; vêm das ruas e de um povo consciente e organizado; sempre foi assim na historia da humanidade. E nós vamos seguir esse caminho.

CM: Esta semana, dia 17 de abril, mais uma vez é lembrada a data dos 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 1500 trabalhadores sem terra foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do Pará e 18 deles cruelmente assassinados por agentes daquela PM. Como está a situação do processo de punição dos policiais que participaram da ação criminosa? Como o MST está agindo sobre o assunto?
Nunca mais poderemos esquecer aquele  17 de abril de 1996, sendo presidente Fernando Henrique, quando a Polácia Militar do Pará, financiada pela empresa Vale, assassinou cruelmente 19 companheiros nossos. 

Posteriormente, outros dois vieram a falecer e há ainda até hoje 69 feridos, com sequelas graves.
 
O processo judicial se arrasta até os nossos dias. Apenas os dois comandantes foram condenados a mais de 200 anos de prisão.

Porém apelaram, e estão em prisão domiciliar num quartel da PM de Belém, em apartamentos com todas as regalias de oficiais. Tradicionalmente, todos os anos repetimos, no mesmo local, um grande acampamento com a nossa juventude do MST da regional amazônica, para que os nossos jovens não se esqueçam, e ajudem a lutar por justiça e por reforma agrária.

Em todo Brasil vamos fazer manifestações, cultos ecumênicos, e protestar perante o poder judiciário, que protege descaradamente apenas os interesses dos ricos e fazendeiros do país.

Entre as suas reformas estruturais, o Brasil precisa de uma reforma do judiciário que democratize e coloque esse poder sob controle da sociedade. Haja visto como se comporta o imperador Joaquim Barbosa, com suas estripulias, megalomanias e diárias em tempos de férias. Ainda bem que ele comprou um apartamento em Miami, e imagino que seu sonho é ir morar lá…

Em todo mundo, nos mais de cem países em que a Via Campesina está organizada haverá manifestações, pois esse dia 17 de abril foi declarado Dia Mundial da luta camponesa. E até aqui no Brasil, envergonhado, no último ano de seu governo, FHC assinou um decreto, declarando o dia 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Então, nesse dia, é até legal você lutar pela reforma agrária.

fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/stedile-economia-que-sustentou-lula-e-dilma-bateu-no-teto.html